Lucrécia nasceu em Roma no ano de 1480, filha de Roderigo Gil de Borja i Borja mais tarde papa Alexandre VI e de sua companheira Vanozza. Para além de Lucrécia o casal teve mais três rapazes, César (1475) Giovanni (1477) e Geofredo (1481). Viviam uma infância feliz junto de sua dedicada mãe numa casa perto de Roma. Aos nove anos Lucrécia foi separada da família indo viver na companhia de uma dama da nobreza Romana, Adriana de Mila, a fim de receber uma educação esmerada e erudita ao lado da rigorosa senhora. Por sua vez o seu irmão César seguiu a carreira religiosa por imposição do pai e Giovanni seguiu para Espanha.
O filho de Adriana, Orsino Orsini com a mesma idade de Lucrécia era casado com Giulia Farnese beldade de 14 anos, que veio a tornar-se amante de Rodrigo e em virtude disso, grande amiga de Lucrécia. Sobre a influência mundana de Giulia, Lucrécia em quatro anos transforma-se numa sedutora mulher.
A menina que era em 1489, era agora precocemente uma mulher fatal que já tinha desejos carnais activos. O seu belo corpo não aparentava treze anos mostrando formas sensuais capazes de chamar a atenção de qualquer homem. Nesta altura casa com Giovanni Sforza, não se tendo consumado o casamento devido à idade da noiva. Os dois anos que separaram o casamento da consumação, marido e mulher passaram totalmente afastados, Giovanni Sforza governando Pésaro e Lucrécia fruindo as orgias nos aposentos de seu pai e de seus irmãos no Vaticano.
Entretanto Giullia perde os favores de Rodrigo como amante favorita e é afastada do Vaticano. Sem a amiga Lucrécia aproxima-se de sua cunhada Sanchia de Aragão esposa de seu irmão Geofredo, filha bastarda do rei de Nápoles. Sanchia tão frívola quanto Giulia, além de servir a Geofredo como esposa, frequentava também a cama de seu cunhado Giovanni, e talvez também a de César. Sforza mal impressionado com a mulher e interessado na separação, acusa Lucrécia de incesto com seu irmãos e até com o próprio pai, acusações que nunca vieram a ser provadas.
Após a morte trágica de seu irmão Giovanni, tendo recaído as suspeitas de assassinato em César, Lucrécia retira-se para um convento aparecendo pouco tempo depois grávida. A paternidade da criança é amplamente discutida até os dias de hoje. Existem rumores de que o próprio César Bórgia engravidou a irmã, e outros dizem que o responsável foi um belo jovem espanhol chamado Pedro Calderón. Calderón era da criadagem do papa Alexandre e era o incumbido de transportar a correspondência entre pai e filha. O certo é que, por algum tempo, ele realmente foi amante de Lucrécia Bórgia, mas não há como provar se ele a engravidou ou não. Calderón aparece morto nas mesmas circunstâncias de Giovanni e mais uma vez César é acusado do crime. Lucrécia deu à luz um menino, a quem chamou Giovanni, que ficou conhecido apenas como "o Infante Romano” Entretanto a paternidade foi reconhecida por César Bórgia, que tinha deixado a vida religiosa.
Lucrécia agora com 18 anos casa com um jovem de 17, Afonso de Aragão, duque de Biscegli. Afonso ouvindo os boatos que corriam sobre Lucrécia acusando-a de cruel envenenadora, que guardava um veneno mortal dentro de um anel, uma mulher frívola que era "filha, mulher, e nora" de seu pai, não estava receptivo ao casamento mas, quando a conheceu, Lucrécia pareceu-lhe inofensiva e não resistindo à sua beleza rapidamente se apaixonou. Lucrécia ficou grávida e a pedido de seu irmão César, vai com o marido para Roma para que lá nascesse o filho que, viria a chamar-se de Roderigo. Mas mais uma vez César tem planos para matar Afonso. Este sofre um atentado do qual consegue sair mal tratado mas vivo. Lucrécia e Sancha fazem guarda ao quarto de Afonso preparando até os seus alimentos, mas num momento qualquer de descuido Afonso aparece assassinado. Lucrécia Bórgia passou à história como a culpada deste assassinato. Dizia-se que Biscegli foi vítima de um de seus venenos, apesar de a acusação não ter fundamento algum.
Em 30 de Dezembro de 1501 Lucrécia casa com o jovem Afonso d´Este filho do poderoso Duque de Ferrara.
Com a morte do sogro em 1505, ela e marido herdaram o ducado de Ferrara. No mesmo ano, deu à luz o primeiro filho, Afonso. A criança morreu semanas depois, mas três anos depois o casal teve outro menino, Hércules. Depois deste, vieram outros filhos: Hipólitho (1509), Francesco (1516), Alexandre (1514), Eleanora (1515), e Isabel Maria (1519). Ela foi boa mãe para todos os seus filhos, inclusive para os que estavam longe dela, como Roderigo e o misterioso Giovanni, "O Infante Romano" Um ano após a sua nomeação como duquesa, Lucrécia fica como regente em Ferrara. Aproveitando a oportunidade mostrou outra simpatia comum de sua família: a vontade de ajudar o povo judeu, criando um édito que proibia terminantemente qualquer tipo de discriminação contra os judeus. Lucrécia em Ferrara formou a chamada "Corte das Letras" Para além de escritores e poetas, na sua corte reuniam-se pintores como Tiziano e Venetto, entre outros. Em 1508, Lucrécia recebe o humanista Erasmo.
Aos 39 anos de idade, Lucrécia está prestes a enfrentar outro parto. Prevendo a morte, enviou uma carta ao papa Leão X pedindo a bênção especial que, não veio a tempo de a encontrar com vida. Morreu rodeada do carinho dos filhos e familiares. Foi uma figura destacada do renascimento, período de grandes acontecimentos culturais intelectuais e políticos. Filha de um homem controverso com muitos inimigos esteve sempre envolvida em boatos e polémicas que nunca foram confirmados. Senhora de uma beleza surpreendente, educação e inteligência refinadas e com grande sentido politico, em Ferrara, foi adorada e apelidada «A Mãe do Povo»
6 comentários:
Excelente aula. Gosto demais desse tipo de leitura. Continue nos brindando com esses conhecimentos. É muito gostoso essa viagem pela história.Estou até copiando para que meus sobrinhos leiam também. Abraços.
SAUDAÇÕES!
AMIGA EMILIA,
Esse texto vale nota 1001!
Sua explanação é extraordinária que nos transporta para os tempos de, Lucrécia.
Um texto muito rico em informações!
Parabéns pelo lindo Post!
Abraços!
LISON.
Emilia, excelente texto.
Abçs
puxa gosto muito de historia e não conhecia esta mulher magnífica...senti como se estivesse naquele tempo através do texto...valeu...fuiiiiiiii
Emília, adorei a tua visita! Eu também ando sem tempo ou sem saber administrá-lo, como podes ter percebido.
Lucrécia fez história, uma mulher marcante. Dos personagens da história, é lembrado quem choca, que vai contra os padrões da sociedade. E a Lucrécia começou cedo...
Adorei o texto e saber sobre esta mulher que fascina até hoje.
Beijos, amiga.
qualquer parecido com calígula e a sua irmã drusila e as orgías naquele tempo não é mera coincidéncia.será que existe reencarnação
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