Pedi este poema emprestado a Álvaro de Campos para transmitir o que sinto e para o qual não encontro palavras. Cansaço, desânimo, nem sei bem o quê...
Cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
10 comentários:
Esse poema do Álvaro de Campos é maravilhoso!!
Beijos, querida!!
Ótimo feriado!!
Saudações!
Amiga Emilia,
Salve Álvaro Campos...Um poema excepcional!
Parabéns!
LISON.
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido,
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo.
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.(
Amiga Emilia honrado e feliz por visitar este importante, belo e original espaço... Registro a minha imensa satisfação ao passar aqui, valeu! Parabéns pela grande escolha do tema, excelente texto, belissimo poema, uma preciosidade. Quero compartilhar com você o poema abaixo de William Shakespeare
”Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.”
Votos de um dia repleto de alegria. Muita prosperidade e bênçãos. Paz, luz, saúde e proteção. Felicidades, um fraterno e caloroso abraço. Fique com Deus.
Valdemir Reis
Não há cansaço na leitura do seu belo blog. Gostei do olho e da alma. Coloquei o link
entre os meus prediletos, e copiei a tela do Turner.
http://linguadope.blogspot.com/
N Gurgel, Rio
Ola Emilia,
Navegando por ai achei seu blog. Surpresa boa. E ja com uma poesia linda desta! Vou segui-lo a partir de agora. Quando tiver um tempinho, vá visitar meu blog também, o Genizah.
A paz!
Danilo
http://genizah-virtual.blogspot.com/
Oi belo poema hein gata
Passa lá no meu e vê se gosta.
Tô te seguindo
Abraço
Emilia,
Como sempre você se expressando de forma sutil e inteligente !
Um belíssimo poema !
Um abraço.
Nelson
Amiga Emilia volta e meia, olha eu aqui novamente, passando para agradecer sua atenção, gentileza e amizade. Acredito que a verdadeira amizade nunca se desgasta, portanto assim quanto mais se dá mais se tem. Aproveito para compartilhar com você de Esmeralda Ferreira Ribeiro;
“ Força de viver...
Grita ao mundo
a tua alegria,
a tua generosidade,
a tua disponibilidade,
a tua força de amar.
E daí,
a tua confiança,
a tua esperança,
a tua disposição de lutar.
Diz-lhe
que vale a pena viver,
que a grandeza está no ser,
e é preciso acreditar
que a vida é causa maior.
E assim,
o efêmero vai passar,
mas o que fizeres de perene
jamais se pode perder,
é autêntico valor.”
Obrigado por sua visita, a casa é nossa, volte sempre! Também de todo coração votos de um excelente e animado fim de semana. Paz, saúde, proteção, prosperidade e muitas bênçãos. Fique com Deus, um forte e fraterno abraço. Brilhe sempre!!!
Valdemir Reis
Eu estava procurando uma poesia sobre cansaço e encontrei o seu blog.
A poesia é linda mesmo.
Tambem sinto muito desânimo e cansaço. Desde que seja passageiro é até normal, mas se for uma situação constante é melhor procurar uma solução antes que seja tarde.
Tenho dois blogs talvez goste de algum.
http://viagens-de-uma-et.blogspot.com/
http://crisviajandonacozinha.blogspot.com/
Boa sorte
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