Alguma vez parámos para pensar quantas vezes sofremos inutilmente quando éramos pequenos?
Passámos parte da nossa infância a preocupar-nos «em vão». Facilmente nos angustiávamos pelo que sucedia à nossa volta: sofríamos se um amigo se zangava connosco, se lutávamos com os nossos irmãos; se os nossos pais nos olhavam aborrecidos, se nos repreendiam…
Curiosamente, também os nossos pais e adultos que nos rodeavam se preocupavam com uma facilidade incrível. Os motivos pareciam não importar, tudo constituía uma boa desculpa para sofrer, e passaram grande parte desses anos em «alerta» constante. Passavam mal se adoecíamos; continuavam a sofrer quando julgavam que éramos muito travessos, ou, pelo contrário, demasiado formais; se passávamos o dia a pedir coisas, ou se não nos atrevíamos a pedir nada… O caso era «não viver».
Curiosamente, com estes ensinamentos, quando éramos crianças aprendemos a estar «atentos» perante qualquer situação que pudesse ser motivo de desgosto, pena ou zanga, tanto para nós, como para os que nos rodeavam.
A educação, ontem e hoje, parece estar ao «contrário». Em vez de sensibilizar as crianças para o positivo, para o que fazem bem, para o que lhes pode dar segurança e confiança em si próprias, sensibiliza-as para o que as pode perturbar, inquietar, produzir desassossego, insegurança e desconfiança.
Em que falhou a educação que recebemos?
Do ponto de vista psicopedagógico falhou em princípios absolutamente essenciais.
Quando nos ensinaram a reparar de forma quase exclusiva no negativo que há à nossa volta, aprendemos, quase sem nos dar conta, a estar sempre «em guarda», para corrigir à mais pequena oportunidade o que supostamente fez «algo mal»
Se tivéssemos de apontar as falhas da educação que recebemos, não poderíamos deixar de enumerar alguns dos grandes equívocos em que se sustentaram, entre os quais cabe citar os seguintes:
Reparar no negativo, em vez do positivo
Sancionar, em vez de reforçar.
Impor, em vez de dialogar.
Usar o dever e o medo, em vez da motivação
Potenciar:
O seguidismo em vez da razão.
A imobilidade em vez da criatividade.
A dureza em vez do afecto
A insensibilidade, em vez da sensibilidade.
A tristeza em vez da alegria.
A derrota e o pessimismo, em vez da esperança.
A desconfiança e a ruindade, em vez da confiança e da transparência.
A insegurança, em vez da segurança.
A humilhação, em vez da auto-estima.
O egoísmo, em vez da generosidade.
Mas o pior é que estas falhas não só se continuam a cometer na educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos de hoje, como se incrementaram nas pessoas supostamente «privilegiadas» que desfrutam, no seio da sociedade de consumo que nos domina, quando não nos afoga, das chamadas «culturas avançadas» dos países desenvolvidos.
O consumismo impera sobre o consumo sustentado
A intransigência sobre a flexibilidade.
O dogmatismo sobre o respeito e a inteligência.
As «mentes fechadas» sobre as «mentes abertas»
A reacção e o stress sobre a acção e a saúde.
Há que fomentar o equilíbrio, a maturidade, o autocontrolo e desterrar a tirania, a manipulação, a falta de solidariedade, o narcisismo, o desequilíbrio e a insatisfação permanente. Porque devemos saber desfrutar da nossa vida, dessa procura sã e transparente da felicidade.
Fonte: ”A inutilidade do sofrimento” de María Jesús Álava Reyes
Passámos parte da nossa infância a preocupar-nos «em vão». Facilmente nos angustiávamos pelo que sucedia à nossa volta: sofríamos se um amigo se zangava connosco, se lutávamos com os nossos irmãos; se os nossos pais nos olhavam aborrecidos, se nos repreendiam…
Curiosamente, também os nossos pais e adultos que nos rodeavam se preocupavam com uma facilidade incrível. Os motivos pareciam não importar, tudo constituía uma boa desculpa para sofrer, e passaram grande parte desses anos em «alerta» constante. Passavam mal se adoecíamos; continuavam a sofrer quando julgavam que éramos muito travessos, ou, pelo contrário, demasiado formais; se passávamos o dia a pedir coisas, ou se não nos atrevíamos a pedir nada… O caso era «não viver».
Curiosamente, com estes ensinamentos, quando éramos crianças aprendemos a estar «atentos» perante qualquer situação que pudesse ser motivo de desgosto, pena ou zanga, tanto para nós, como para os que nos rodeavam.
A educação, ontem e hoje, parece estar ao «contrário». Em vez de sensibilizar as crianças para o positivo, para o que fazem bem, para o que lhes pode dar segurança e confiança em si próprias, sensibiliza-as para o que as pode perturbar, inquietar, produzir desassossego, insegurança e desconfiança.
Em que falhou a educação que recebemos?
Do ponto de vista psicopedagógico falhou em princípios absolutamente essenciais.
Quando nos ensinaram a reparar de forma quase exclusiva no negativo que há à nossa volta, aprendemos, quase sem nos dar conta, a estar sempre «em guarda», para corrigir à mais pequena oportunidade o que supostamente fez «algo mal»
Se tivéssemos de apontar as falhas da educação que recebemos, não poderíamos deixar de enumerar alguns dos grandes equívocos em que se sustentaram, entre os quais cabe citar os seguintes:
Reparar no negativo, em vez do positivo
Sancionar, em vez de reforçar.
Impor, em vez de dialogar.
Usar o dever e o medo, em vez da motivação
Potenciar:
O seguidismo em vez da razão.
A imobilidade em vez da criatividade.
A dureza em vez do afecto
A insensibilidade, em vez da sensibilidade.
A tristeza em vez da alegria.
A derrota e o pessimismo, em vez da esperança.
A desconfiança e a ruindade, em vez da confiança e da transparência.
A insegurança, em vez da segurança.
A humilhação, em vez da auto-estima.
O egoísmo, em vez da generosidade.
Mas o pior é que estas falhas não só se continuam a cometer na educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos de hoje, como se incrementaram nas pessoas supostamente «privilegiadas» que desfrutam, no seio da sociedade de consumo que nos domina, quando não nos afoga, das chamadas «culturas avançadas» dos países desenvolvidos.
O consumismo impera sobre o consumo sustentado
A intransigência sobre a flexibilidade.
O dogmatismo sobre o respeito e a inteligência.
As «mentes fechadas» sobre as «mentes abertas»
A reacção e o stress sobre a acção e a saúde.
Há que fomentar o equilíbrio, a maturidade, o autocontrolo e desterrar a tirania, a manipulação, a falta de solidariedade, o narcisismo, o desequilíbrio e a insatisfação permanente. Porque devemos saber desfrutar da nossa vida, dessa procura sã e transparente da felicidade.
Fonte: ”A inutilidade do sofrimento” de María Jesús Álava Reyes
3 comentários:
Adorei o texto.
Também fico pensando por que o ser humano tem atração pelo mais difícil e sofre com pouca coisa.
Temos que nos libertar deste ensinamento errôneo pra viver uma vida mais leve.
Abraço.
Olá Emília!!
Muito precioso o tema! Estou sempre a pensar e falar sobre isso. Tenho uma amiga aí em Portugal Isabel, que diz: "Se você pode ser perfeitamente infeliz, para que ser feliz?" Essa é a lógica de muita gente,e ela ironiza de uma forma muito engraçada.
Creio que nos tempos atuais estamos asfixiados por demasiadas e muitas delas desnecessárias demandas externas, perdemos o senso de interioridade, que nos conduz e orienta.
um beijo
Sencillamente maravilloso.
Conozco el libro que citas y siempre que veo que alguien también lo conoce, me alegra.
Un saludo.
Enviar um comentário