Vi uma pedra fumando água, disse um.
Impossível, ripostou o outro.
Aqui só os rios é que bebem fumos.
O geólogo ouviu e disse: é preciso
desentortar as palavras dessa gente!
O antropólogo argumentou
em defesa de uma lógica,
pura e mágica
não tocada por ocidentais impurezas.
O político chegou e disse: é preciso
despalavrar os que sofrem de excesso de alma
O que fizeram os camponeses?
Venderam
falsas amostras
da pedra mágica ao geólogo.
Cozinharam
umas tantas ingenuidades
para encantar o antropólogo.
Por fim,
filiaram-se no partido político
que mais luta contra o campesinato
Mia Couto em: idades cidades divindades
Mia Couto nasceu na Beira , Moçambique, em 1955. Foi jornalista e é professor, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas.
Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século XX), foi galardoado, pelo conjunto da sua obra, com o prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémo União Latina de Literaturas Românicas 2007
2 comentários:
Olá Mikasmi,
Adorei seu espaço.
É sempre muito oportuno falar e ler sobre Mia Couto.
Adorei receber você no Educar Já!
Volte sempre!
Adorei tambémf falar sobre Cecilia Meireles, este exemplo de mulher, de poetisa, de educadora, de ser humano.
Estou comentando hoje porque este final de semana foi o noivado do meu filho e fiquei envolvida com as comemorações.
beijinhos e ótima segunda-feira.
Muito boa e tema interessante esta poesia.
Enviar um comentário